Ensinar finanças para crianças pode parecer um desafio, mas é uma das tarefas mais importantes que pais e educadores podem assumir. Vivemos em uma sociedade onde o consumo é estimulado desde cedo, e o desconhecimento sobre finanças pessoais tem levado adultos a dívidas, ansiedade e falta de planejamento. Por isso, formar hábitos financeiros saudáveis desde a infância é um presente que molda o futuro.
A Semana ENEF 2025 — com o tema “Educação Financeira para Crianças e Jovens” — nos convida a olhar para os pequenos com a seriedade que o assunto exige. Neste artigo, você encontrará 5 atividades práticas, lúdicas e eficazes para introduzir conceitos financeiros na infância e adolescência. E o melhor: de forma natural, divertida e alinhada à realidade de cada fase da vida.
Por que ensinar educação financeira desde cedo?
Educação financeira não é só sobre dinheiro — é sobre valores, decisões e futuro. Ensinar a criança a lidar com recursos é ensiná-la a:
- Ser mais responsável;
- Desenvolver autocontrole e disciplina;
- Tomar decisões conscientes;
- Valorizar o esforço dos pais e o custo das coisas;
- Ser grata, generosa e equilibrada.
“A formação de bons hábitos começa na infância. Ensinar finanças é ensinar sabedoria prática para a vida.”
Faixa etária e linguagem: como adaptar?
Cada faixa etária exige uma abordagem diferente:
- 3 a 6 anos: identificar o valor das coisas, brincar com trocas, observar o que é necessário ou supérfluo.
- 7 a 10 anos: trabalhar com mesada, poupança, metas simples, recompensas e consequências.
- 11 a 14 anos: planejamento, orçamento e consumo consciente. Ideal para introduzir metas mais longas e conceitos como juros e inflação.
- 15+ anos: simulações reais de investimento, empreendedorismo, consumo crítico e uso de apps financeiros.
1. A Mesada Planejada (7 anos ou mais)
A mesada é um excelente laboratório para praticar educação financeira. Mas precisa de regras, metas e liberdade controlada.
Como fazer:
- Defina um valor fixo semanal ou mensal.
- Oriente a dividir esse valor em 3 partes:
- Poupar (30%)
- Gastar (50%)
- Doar ou investir (20%)
- Dê liberdade para decidir como usar — e converse sobre as escolhas.
Benefícios:
- Lidar com limites;
- Evitar o hábito de pedir;
- Desenvolver planejamento e consequências.
Dica: use potinhos, envelopes ou caixas coloridas para separar.
2. Jogo do Orçamento com Banco Imobiliário (10 anos ou mais)
Jogos como o Banco Imobiliário são excelentes para ensinar renda, gastos, investimentos e risco.
Como aplicar:
- Jogue em família ou na escola;
- Explique os conceitos durante o jogo;
- Ao final, debata: quem equilibrou melhor renda e despesas?
Alternativas:
- Jogo Juro Mania (Banco Central);
- Jogos de papel e dados feitos em casa;
- Jogos digitais com temáticas financeiras.
3. Loja de Brinquedo ou Feira de Trocas (3 a 10 anos)
Crianças aprendem com o que tocam e vivenciam. A loja do faz de conta trabalha valor, escolha e limite.
Como fazer:
- Separe brinquedos ou objetos;
- Dê dinheiro fictício de papel;
- Monte uma loja para “compras” e “negociação”.
Alternativas:
- Feira de trocas com brinquedos usados;
- Vales para trocar entre si.
Resultados: lidar com escolhas, não ter tudo, valorizar o que possui.
4. Missão Poupança (a partir de 6 anos)
Poupar ensina a diferenciar desejo imediato de conquista planejada.
Como fazer:
- Escolha um objetivo (ex: brinquedo);
- Calcule valor e prazo para poupar;
- Crie cofrinho com a imagem do objetivo;
- Acompanhe o progresso semanalmente.
Variações:
- Apps como Piggy Goals, Meu Dinheirinho;
- Juros simbólicos como recompensa: “guarde R$ 10, ganho R$ 1”.
Dica: ensine a alegria de esperar e conquistar.
5. Projeto de Empreendedorismo Infantil (a partir de 10 anos)
Empreender ensina esforço, planejamento, metas e organização financeira com criatividade.
Como desenvolver:
- Identifique habilidades (doces, desenhos, pulseiras);
- Monte um plano simples (clientes, custos, preços);
- Divulgue para amigos, vizinhos ou redes sociais dos pais;
- Registre ganhos e gastos num caderno ou app.
Exemplos reais:
- Vender slime, artesanato ou hortaliças;
- Aulas de reforço para colegas menores;
- Canal de YouTube com apoio dos pais.
Resultado: gera autonomia, visão de futuro e respeito pelo trabalho e pelo dinheiro.
Como explicar “poupar” e “gastar” para diferentes idades
De 3 a 6 anos:
- Use contos como “A Cigarra e a Formiga”;
- Exemplos com brinquedos e doces.
De 7 a 10 anos:
- Potinhos, envelopes, cofrinhos;
- Decisões com valores reais: “temos R$ 20 para o lanche…”
De 11 a 14 anos:
- Projeções com metas reais;
- Introdução ao consumismo e escolhas inteligentes.
De 15 anos em diante:
- Investimentos, juros, apps financeiros;
- Simulações com o próprio dinheiro.
História inspiradora: Gustavo, 13 anos, e a bicicleta dos sonhos
Gustavo queria uma bicicleta nova. Os pais propuseram um desafio: ele ganharia mesada e para cada R$ 3 poupados, eles dariam R$ 1. Ele criou um cofrinho, lavava carros nos fins de semana, e em 6 meses, comprou a bicicleta à vista. Hoje, valoriza mais o bem conquistado.
Conclusão: Ensinar finanças é ensinar sabedoria de vida
Educação financeira é parte essencial da formação de uma criança e jovem. E o melhor momento é agora.
Use histórias, jogos, experiências. Crie conversas em casa e projetos educativos. Forme filhos e alunos que saibam poupar, gastar, doar e investir com equilíbrio.
Porque uma criança que aprende a lidar com dinheiro com sabedoria… cresce livre.
E liberdade é o maior presente que podemos dar.